quinta-feira, 26 de julho de 2012
sábado, 30 de julho de 2011
Doce paradoxo
Fugindo um pouco da rigidez impessoal do parágrafo acima, mas mantendo a linha de pensamento, gostaria de citar um caso bem particular sobre paradoxo. Faço aniversário dia 9 de julho desde o ano de 1983, ainda bem. Sendo assim, durante esses 28 anos, manifestei alguns interesses, como por videogames, lamber bateria de nove volts e batata palha. Peculiares ou comuns, estes interesses se relacionavam justamente pelo fato de serem meus. Com a popularização das redes sociais digitais estes interesses se tornaram públicos, pois passaram a ser compartilhados além das rodas de conversa, caindo assim na vastidão do mundo virtual, um espaço cheio de pleonasmos informacionais (reparem nos títulos das comunidades do Orkut), onde as informações pecam pela característica efêmera que adquirem.
Nada muito sério, mas confesso que doces nunca me chamaram atenção ou até mesmo fizeram parte da lista de comidas que eu mais gosto. Para ser mais sincero, conto que doce já foi motivo de conflito entre eu e minha família, tudo porque eu não queria comer um encorpado e nada dietético sorvete de creme. Diz-se que a indiferença é pior que o ódio, se é que é possível mensurar tais substantivos, mas sem juízo de valor, não me interesso muito por doce, até como, mas não me interesso. Foi então que em meu aniversário neste ano me deparei com um de meus paradoxos. Entre os presentes que carinhosamente ganhei, me deparo com uma delicada caixa de mini tortinhas ou mini cakes, como são chamados. O laço matematicamente ajustado unia a tampa transparente à base da caixa. Uma tentação estética aos olhos que imediatamente chamavam para si a responsabilidade de degustá-los visualmente, sem freios ou pré-conceitos, numa cadeia de atos sensoriais. O nariz se encantou, a boca estremeceu e o estômago desejou, exigiu. Obedeci-o.
Mesmo com as limitações da unidimensionalidade da escrita, os adjetivos cumprem bem o papel na tentativa de explicar o que me aconteceu. O conflito com um passado dietético se rompeu a partir do momento que senti a textura do cheesecake, um doce com recheio à base de bolachas, queijo creme e com uma cobertura de fruta. Tamanho era o encantamento, que me fez regressar à sensação dos anos iniciais de vida, quando me surpreendia ao experimentar pela primeira vez o sabor das coisas. E era, de fato, a primeira vez que experimentava aquelas coloridas mini tortas. Três salves se fizeram obrigatórios. O primeiro salve para a perfeita alquimia entre componentes tão distintos. O segundo salve para Ana Carolina que preparou guloseimas tão gostosas. E o terceiro salve novamente para Ana, pela bondade de me permitir provar um doce divinamente requintado.
Com um argumento adocicado, os conflitos gerados pelos nossos paradoxos chegam ao ponto de serem desejáveis. A saída da zona de conforto impulsionada pelo desejo de mudança é bem apaziguadora quando temos como incentivo uma mini torta tentadora. Com uma opção dessas até me arrisco a romper outros preconceitos, mesmo que seja comer doce de jiló com calda de pequi. Ainda bem que alguém teve a sabedoria de confeccionar incentivos tão encorajadores como essas pequenas tortas que insistem em lambuzar de gula os paladares alheios de bípedes, que ansiosamente aguardavam por um incentivo para viver e assumir seus paradoxos.
http://minicakesgyn.blogspot.com/
Marcadores: aniversário, carinho, doce, presente
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Sempre quis
Que os nossos sentimentos não fossem com o vento. Uma carona apressada, sem nenhum ou pouco alento, ousa fazer esmaecer o que tenha sido o nosso sustento. Ah! Esse maldito vento!
Será que foi muito rápido? O olhar, o toque, o cheiro e o beijo? É ódio? Intermitências de um coração jovem e superficial? Na ansiedade do nada, prefiro as palavras. Nuas e sinceras. Temerosas e diretas.
E você me deixa assim. Na necessidade do beco, das dúvidas e da perdição. Com pensamentos insólitos e muito distantes. Esvai da minha vida com um não. E assim você se vai de mim.
Isso eu sempre quis. Amor imperfeito e de cetim. Coroa de flores, pequenos tremores, vida amarela e calçada de pedra. Amor, isso eu sempre quis.
Definitivamente. Sempre quis.
Marcadores: amor, conto, desejo, imperfeição, sempre quis
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Um depoimento
Por isso libertaria as mil inquietações que tenho em mim. São grandes. São tortas. São belas e são tristes. Ouso murmurar, mas quando chegas o todo se cala. A luz tênue que revela as nuances do que vivemos faz imperar na minha vida o afeto e acima de tudo o silêncio.
Calado, amo-te.
Marcadores: amor, depoimento, sentimentos
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
So Sorry
Pedir! Para te fazer bem. Para ver que não precisamos nos despedir ou apenas acenar. Deixar esvaecer meu mundo egoísta e me por a esperar. E tudo começou ali, perto de nós e do tempo que outrora tão querido insiste em me fazer sofrer.
Sentir! Raiva das malditas entrelinhas. As mesmas que me impediram, várias vezes, de me fazer explícito, assim como você sempre desejou. Agora sou eu que anseio, mais do que essas duas palavras ("So Sorry") mostrar o quanto sinto. E saiba que sinto muito.
Pelas noites só, dormidas. Pelos sorrisos breves e explicados. Até mesmo pelo "nada" fazer parte do meu vocabulário. Pelo mau uso das palavras e dos olhares. Sinto por deixar você ir. Por ter que e querer que.
Ah! Meu amor (meu bem). Entre tantos e outros por que teimo em sentir? Tudo seria mais fácil se eu fosse egoísta e não te deixasse partir? Ouço mil vezes a nossa música, te buscando, te querendo e a única coisa que penso é So Sorry.
Começo a sentir que te quero aqui do meu lado.
“este texto aqui escrito trata-se de um meme proposto por Isa Sousa e que me chegou pelo Hisórias Sem Fim. a proposta é que os indicados façam um texto (ou o que der na telha) como se rompesse com alguém. a ideia foi inspirada na exposição Cuide de Você, da francesa Sophie Calle, que convidou 104 mulheres para interpretarem um email de seu ex-namorado que gostaria de romper o relacionamento de ambos”
Regras do meme:
1 – Escrever uma carta como se você estivesse rompendo com seu (sua) namorado (a);
2 – Escrever estas regras e uma breve explicação do que é o meme (como essa aí de cima)
3 – Indicar cinco pessoas.
Escolho Lian, Thaís, Sussy, Aninha e Bruna
Marcadores: amor, desculpas, rompimento, sentimentos, viagem
segunda-feira, 27 de julho de 2009
E foi assim que começou
O almoço estava servido. O cardápio: "azeitona preta, macarrão, ervilha, carne (não identificada e sem cabelo) mal-passada e restos da polenta de ontem". Era isso que eu remexia no prato e me embrulhava o estômago. Claro, outras coisas também incomodavam meus pensamentos, além do almoço. Uma música do Pepe Moreno e a grande dúvida. A resposta da Marcinha (o nome é bem fictício) para meu convite.
Uma invitação nada pretensiosa. Propus: passear no zoológico; algodão-doce; almoço; parque com sorvete; cinema e o grande final... chocolate. Pronto, era isso. Exatamente nessa ordem. A resposta veio rápida, até mais do que esperava. Um "sim" bem mineiro, desconfiado. Isso não me inspirou de forma alguma.
A verdade é que antes mesmo das ervilhas acabarem já sabia que minha auto-estima tinha desaparecido. Eis que me senta a mesa Dorfus. Amigo de fé, irmão camarada (ainda diria o grande poeta). Tratei de buscar toda sabedoria dele, pessoa experiente com as mulheres da cidade. Uma espécie de conselheiro amoroso. Estava tão cego por uma luz do amado guru que não reparei a moça que o acompanhava.
Explicação vai, lamúrias vem. Cada detalhe do meu tão sofrido convite era dramaticamente expresso em frases demasiadamente longas. Amigo é amigo, e por isso toda paciência do mundo era pouca. Alguns minutos a mais e eis que entra na conversa a moça:
Firmava aquela mulher morena, de olhos grandes e cabelos compridos. Certa postura assustou-me confesso, cortara a conversa como se tivesse capinando um lote a enxadadas. Disse-me apressada:
Ráááááá - palavras de meu grande e admirado Sérgio Mallandro. Com ênfase matemática me deixou boquiaberto aquela mulher. Pensei um tanto quanto confuso em quem essa menina seria. Faltaram-me palavras, a não ser para deixar Dorfus seguir com aquele par de grandes olhos penetrantes.
Pensava eu com meus botões e ervilhas que sobraram no prato. "Quero conhecer essa mulher. Quero mesmo conhecer essa mulher". Meu próximo passo era assim procurar Dorfus e saber um pouco mais sobre ela.
1º texto da série Diário de Morango
Marcadores: amor, começo, diário de morango, série
terça-feira, 28 de abril de 2009
Meu não querer
Pergunto-me se é infortúnio tal intimidade não me deixar sozinho. Será que sofro em contradição? Pois todo bem quisto que se vai é ruim de se perder ou de não se ter. Mesmo cheio de questões, nada sobre isso me incomoda. Patologias: egoísmo ou possessão, sei que ainda não sofro. ANEMIA, será esse meu problema?
Se tal fraqueza for amor e liberdade, com pitada de saudade, pode apostar que é disso que eu sofro. A distância é mera tentativa de ter a expectativa de primeira vez. Do beijo vivido e do pescoço cheiroso. De verdade, tudo é mais gostoso quando é o outro quem decide voltar é por isso que desejo que se vá.