Te amo nesse dia mais feliz
Oi,
Lembro-me que era um sábado do ano de 1983. Morria na Cidade do México, Bienvenido Granda, grande cantor e compositor latino-americano. Era também nove de julho, que em meados da década de 30 foi um dia marcante não somente para São Paulo, mas para o Brasil. Fora deflagrada a Revolução Paulista. Meras conexões e uma surpresa do destino.
Em 9 de julho de 1983 foi exatamente quando abri os olhos para o mundo pela primeira vez. As 16 horas e 10 minutos eu já estava atrasado uns cinco. Poderia sentir a interminável insistência para que eu deixasse aquele espaço tão dócil, agradável e confortável. Não queria sair, de jeito nenhum, mas os apelos eram maiores.
Naquele instante, mesmo que sem ar, estava a ganhar o mundo. Pude com meus pezinhos cansados sentir a superfície áspera dos panos que me envolviam. Sentia também falta, de algo que mesmo tão próximo, nunca fora tão distante. Minhas mãos procuravam incasavelmente um tato amigável, quente e acima de tudo amoroso.
Foi quando percebi o toque sutil e delicado de alguém. Beijava-me como buscava as estrelas e abraçava-me como se as quisesse guardar em seu bolso. E poderia, mesmo porque eu era do tamanho de um sapato infantil. Prendia, mesmo que inconsciente, meus afagos naqueles cabelos macios e cheirosos. Agora voltara para perto de onde nunca desejaria ter saído.
O estranho foi ser visto como uma dádiva. O milagre da vida que tanto insiste em fazer dos seres humanos, bobos e boquiabertos. Por mais que o momento se repetisse milhares de vezes, cada um possuía sua especificidade. Afinal de contas, milagres não são fáceis de se ganhar ou adquirir. E acho que te vejo assim, uma dádiva em minha vida.
Hoje é seu dia e que dia mais feliz, poderia dizer uma música. Mas sinceramente, não quero cantar ou desejar-te tudo de bom. Simplesmente quero senti-la em meus braços, assim como você me sentiu pela primeira vez. E nos meus olhos poderá perceber que nunca te quis mal ou perdi o amor que tenho por você.
É, feliz aniversário... e mesmo com todos esses anos passando, os afagos, os sorrisos, continuamos os mesmos. Os mesmos não, melhores. Mais experientes, é claro, mas também mais amorosos e cada vez mais unidos. Menos brigas e mais amores. Vários ditados, frases clichês e chavões poderiam expressar mais e em menos palavras o que tenho pra te dizer.
É por isso que eu uso aquele bom e velho : Eu te amo mãe.
A qualquer momento você pode chegar. Já são quase uma hora da manhã e você nem sabe que tem um presente dentro do seu guarda-roupa. É uma caixinha que tem como chave uma estrela. O segredo para abrir você vai ter que procurar... quer uma dica?
Feche os olhos e ponha a mão no coração. Pense positivo e empurre o dedão.
No fim eu que ganhei o melhor presente, você.
Do filhote
Renato
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